A ROSA E O ESPINHO (1)
Espírito NICANOR
Médium AMÉRICA PAOLIELLO MARQUES
Que é a rosa e que são os espinhos?
As coisas essenciais da Vida, por mais utilizadas que sejam, nunca perdem o sabor e oportunidade. O tema que analisamos é eterno. Ao focalizarmos “A Rosa e o Espinho” referimo-nos ao Amor e ao ódio, ao Bem e ao que se convencionou designar por mal, fruto das oscilações do pêndulo do progresso, entre os pólos do que é e do que será. Em relação ao Bem Absoluto todo o resto será mal, porque as criações temporárias e imperfeitas, embora necessárias, tendem a se desvanecer diante de novas conquistas espirituais superiores.
Ao fixarmos a beleza refulgente da Rosa, a agressividade do Espinho se desvanece, pois, sentimos como é impotente diante do perfume e do fulgor do Bem que já podemos alcançar.
No caminho evolutivo, precisamos compreender e sentir que os espinhos fazem parte das rosas e embora a rosa não dependa, para ser bela, de possuir espinhos, a própria conquista do Bem nos graus inferiores da evolução pressupõe o contato com a dor.
Nossas palavras dirigem-se às almas que se sentem sem rumo no vale das tristezas humanas, descrendo do Cristo porque “até mesmo as rosas têm espinhos” e, por isso, só veem a negação em seus caminhos.
Inábeis na escolha dos meios de colhê-las, ferem-se e se julgam deserdadas da sorte, porque só lhe reconhecem o lado doloroso. Os campos da Terra estão cobertos de beleza e os homens se tornam incapazes de valorizá-la. Não é preciso ser um expoente de sabedoria para sentir o Amor em seus mínimos reflexos sobre a Criação. Basta que sejamos atentos e não passemos como o bruto, sem valorizar a própria relva que o alimenta.
Sentimo-nos irmãos dessa humanidade terrena que tanto luta no momento atual para se desvencilhar das cadeias de incompreensão em que tem mergulhado. Desejamos trocar idéias no silêncio da meditação que estes escritos poderão provocar. É nosso desejo abrir, em cada alma que nos ler, um campo propício à penetração de correntes espirituais positivas. Os conceitos emitidos neste livro são o produto de observações colhidas ao contato das lutas que enovelam a alma humana no processo de libertação coletiva a que a humanidade está submetida. Pretendemos estabelecer um intercâmbio baseado nas observações das necessidades mais prementes do espírito humano, em sua arrancada para a etapa de redenção.
São imensas as falanges de servos do Senhor que se movimentam no presente momento para reforçar as fileiras de socorristas voluntários na Terra e no Espaço. Uns encarnam e outros permanecem a assisti-los no plano espiritual, entrosando-se mutuamente para o êxito da etapa do final dos tempos. Multiplicam-se, dia a dia, os trabalhadores, pois a Seara é imensa. Este não é um trabalho destinado aos “eleitos”. É a “charrua” que foi colocada nas mãos dos servos que desejam entregar-se de corpo e alma à aprendizagem do Bem. Que ninguém se coloque à margem sob a alegação de não ser suficientemente bom para a Vinha do Senhor. Estaria jogando fora os instrumentos que lhe são oferecidos para contribuir na escala pequenina de suas forças e muito poderá lamentar, depois, por não ter atendido ao convite do Sublime Amigo.
Não estranheis as novas formas de, expressar o Bem. Buscai afinar vossos espíritos para sentir o perfume da Espiritualidade, reconhecendo-a sob os novos invólucros, nos quais ela se revelar à proporção que o tempo passe. A cada fase de evolução da Vida é preciso atualizar as expressões do Bem, a fim de satisfazer a períodos novos de progresso na Terra e no Espaço que a circunda.
Sede flexíveis e receptivos. Não confundais essa atitude sublime, de espiritualização permanente e gradativa, com a credulidade. O estacionamento em torno de conceitos adquiridos e esposados, sem aquele desejo de progresso e reformulação das expressões externas, aproxima-se mais da credulidade nefasta, por significar aceitação estática da Verdade, que é essencialmente dinâmica.
Quando nos dirigimos aos homens na Terra, como aos espíritos no Espaço, auscultamos sua capacidade de percepção para, então, desenvolver os temas básicos do Evangelho ao sabor de suas percepções, pois o que importa é estimular a evangelização permanente e gradual da alma humana.
Eis por que não nos é possível satisfazer a todos simultaneamente. * Mesmo falando de Jesus e de seus ensinos, uns verão espinhos onde há rosas e outros verão rosas onde há espinhos, de acordo com suas características pessoais.
O Amor que todos os seres da Criação nos inspiram nos induz a louvar o Senhor, seja quando nos aplaudam as palavras, seja quando nos injuriem as intenções. Amar significa dar. Se não atrofiarmos nossa capacidade de trabalho no bem, nem a mais acre incompreensão perturbará a caminhada que nos está destinada.
Que nos perdoem aqueles irmãos para os quais nossas palavras pareçam desprovidas de sentido. Contentar-nos-emos com o cumprimento estrito de uma tarefa que nos foi entregue — tentar estabelecer diálogo com o homem atribulado do século XX, aproximando-nos o mais possível de suas preocupações imediatas, para encontrar com ele a alegria de colher rosas, mesmo entre os espinhos da dor mais acerba da provação do final de ciclo.
Que assim encontremos um meio de louvar juntos o nome do Senhor.
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*Um mesmo espírito de luz pode fazer uma preleção profunda e erudita para um auditório preparado e apresentar-se para singelos diálogos sobre o Bem com os que não estejam à altura daqueles conceitos mais altos, estimulando assim o Bem à altura da compreensão de cada qual.
(1) Esta mensagem foi incluída no primeiro capítulo (“Definições”) do livro “A Rosa e o Espinho” (1974) da médium América Paoliello Marques transmitida pelo espírito Nicanor.

