AÇÃO
NICANOR /América Paoliello Marques
Jesus não veio para a contemplação. Ninguém amou a humanidade com mais dedicação e espiritualidade. No entanto, sua vibração de Amor Ele a verteu inteiramente em atos de benefício ao próximo.
De que valeria rompermos com os padrões antigos do egoísmo em relação às coisas materiais e continuarmos a nos refugiar nos interesses pessoais com relação ao que é eterno? Buscarmos entender a Espiritualidade, amá-la e desejar nos entregarmos a ela exige um permanente desligamento de padrões inferiores de ação.
O homem encarnado, que já sentiu sua condição de espírito em provação, deseja testemunhar Amor ao Bem, mas, geralmente, ainda está demasiadamente ligado ao “próprio bem”. Já sabe desejar renovação espiritual, sem, no entanto, saber pagar integralmente o tributo necessário.
Na realidade não sente ainda que não existe fronteira entre o “próprio bem” e o bem de todos. Que o primeiro é limitativo, sendo que no segundo está incluído o seu benefício, sem exclusão de ninguém. Concebemos facilmente um plano, de acordo com os desejos pessoais, para nossa evolução. Esquecemos de que o plano individual, freqüentemente, perde em grandeza e não se enquadra, por isso, no planejamento geral.
Desindividualizar-se é o meio de crescer em amplitude espiritual. Buscando o próprio desenvolvimento espiritual, o primeiro passo será esquecer as conveniências pessoais. A humanidade, recém-liberta dos grilhões das imposições descabidas do semelhante sobre o semelhante, embriaga-se de liberdade e esquece que constitui um conjunto de peças, as quais só serão suficientes quando perfeitamente ajustadas umas às outras. Numa reação característica do seu estágio evolutivo, concentra-se sobre si mesmo, ignorando ainda o mecanismo geral.
Mais do que nunca, aqueles que compreendem a existência de um planejamento global precisam abrir mão de seus interesses pessoais e ampliar o raio de ação. Os espiritualistas, antes de procurarem em sua fé uma consolação e amparo, precisam transformar-se em instrumentos dessa consolação e amparo. Receberão na medida que derem. A Lei não é avara, mas é a Lei. Recebe quem dá, não porque a Lei cobre o que proporciona, mas porque cada qual recebe na proporção em que se torna instrumento dela.
Não vos inquieteis, pois, pelo que recebeis ou não. A vossa ação decidirá sobre o vosso suprimento. É da Lei que assim seja. Não vos preocupem os recursos de que necessitais. Quando vosso esforço fizer jus, o Senhor se incumbirá de amparar-lhe a continuidade.
A fé é o combustível que desloca o espírito em direção ao próprio reabastecimento. Na estrada evolutiva, os postos de renovação estão distribuídos de tal forma que o servo fiel não estará nunca ao desamparo. É da Lei que o Bem seja sustentado pelas Forças Superiores. Não temais quando a caminhada vos parecer solitária e inútil. O Senhor vela por todos os Seus filhos. O reabastecimento pode parecer que tarda, mas será suficiente para garantir a continuidade da jornada.
Sejamos tranquilos. O Senhor nos perdoa as vacilações. Compreende-as como prova de nossa pequenez, mas, se perseverarmos, Ele não nos faltará.
Fonte: A ROSA E O ESPINHO, 1960.

