MULHER MÃE

 em Espiritualidade

América Paoliello Marques

Rio, Março de 1971

Houve época em que falar em mulher e mãe significava referir-se a dores e frustrações. A mulher-mãe era o escoadouro onde, obrigatoriamente, deveriam desembocar todas as aflições, sem compensações. E os espíritos encarnados em corpos femininos possuíam duas alternativas únicas: ou recolher-se à revolta ou sublimar-se em grandes doses de renúncia.

Mudou a Civilização. Mudaram os costumes. Passou-se a considerar desvinculadas as palavras mulher e mãe, e, separadamente, esmiuçar que novos conteúdos se poderiam atribuir à vivência em corpos femininos. O materialismo facilmente encontrou substitutivos para a situação repressiva em que a mulher até então vivera, envolvendo-a nas enganadoras situações de “rainha” das mais diversas atribuições, onde o luxo, o prazer e mesmo a irresponsabilidade preenchem agora o espaço espiritual antes ocupado pelas frustrações. E ela, iludida, julga-se senhora da situação, capaz de satisfazer aos mais ousados caprichos em troca dos favores que a natureza lhe proporcionou, como obra prima de beleza e graça.

O enigma representado pelo binômio mulher-mãe continua indecifrável, mesmo após a dissociação de suas partes componentes e o quase total esvaziamento do seu segundo elemento. Ser mãe, que significa em nossa época?

Esta pergunta é lançada como um desafio à mulher que se emancipa gradativamente. Entre o conformismo do passado e o espírito dinâmico capaz de permitir-lhe acompanhar o progresso cultural e social ela oscila, insegura em seu anseio de acertar.

O novo espírito feminino só estará consolidado e pronto para acompanhar as reformulações necessárias ao progresso, à proporção que a mulher for capaz de sobrepor-se à onda de irreflexão característica das transições violentas de nosso tempo e sentir sua natureza integral: MULHER-MÃE-ESPÍRITO IMORTAL. Esse conjunto indissociável é a chave da real afirmação feminina.

Em sua última parte reside a força propulsora do trinômio. O espírito, aceito e percebido, será responsável pelo radical deslocamento do eixo ou centro de gravitação de toda a nova condição feminina. Escapará, pela alegria da auto realização interior, das frustrações incontáveis do passado; por ter encontrado o centro gravitacional da Centelha de Vida Espiritual não permitirá a distorção de sua linha diretiva de progresso seguro, tanto espiritual como social e material. Os extremos em que antes vivera tenderão ao equilíbrio, gerado pela consciência desperta do espírito imortal, frente à realidade das funções que lhe cabem na condição de mulher e de mãe.

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