MAGNETISMO E MEDIUNIDADE
Equilíbrio Espiritual e Trabalho Mediúnico
Capítulo II da obra Evangelho, Psicologia e Ioga
RAMATÍS / América Paoliello Marques
Preâmbulo
Desde que as correntes do Oriente e do Ocidente reuniram-se para formar as Fraternidades com tendências a universalizar os ensinamentos espirituais, há necessidade de analisar a contribuição que cada qual pode trazer aos ideais de progresso na Terra.
Desejamos, pois, estudar a mediunidade como instrumento de equilíbrio e o trabalho de desenvolvimento mediúnico como contribuição das correntes do Ocidente na conjugação dos nossos esforços para o Bem.
Iniciaremos por apresentar uma comparação entre as forças magnéticas que regem os sistemas planetários e as que estabelecem o ajustamento íntimo de cada espírito.
Existem no Universo sistemas constituídos por planetas a girar em torno de seus respectivos sóis. Esses sistemas formaram-se pelo deslocamento de massas provindas do centro de cada qual, que continuam imanadas à que lhes deu origem, dela recebendo energias vitais estimuladoras do progresso. Simultaneamente, esses corpos celestes exercem influência recíproca e forma-se, assim, entre eles, uma corrente magnética em constante fluxo e evolução. De orbes inóspitos passam os planetas a mundos primitivos, a locais de expiação e provas e, finalmente, a mundos regenera dores e progressistas, numa escala infinita de ascensão. O centro do sistema que é o Sol recebe da Força Central da Vida a energia vital que distribui, tanto mais perfeitamente quanto mais se aprimoram as emanações magnéticas de cada um de seus planetas.
Com os indivíduos sucede algo semelhante. Possuem uma Centelha de Vida a funcionar como o centro do sistema espiritual que constituem. Dessa Centelha, que recebe a energia magnética da Força Central da Vida ou Deus, desprendem-se as “formações planetárias” representadas pelas virtudes, as quais, por sua vez, evoluem do estado primitivo ao apogeu de um desenvolvimento completo. São elas a Humildade, a Confiança, a Alegria, a Coragem, a Serenidade, a Persistência e a Renúncia. Recebendo, através da Centelha de Vida, a força vital, elas se aprimoram, influenciando-se mutuamente.

Com o correr do tempo, a energia criadora é expandida, cada vez com maior intensidade, pela Centelha de Vida, que irradia constantemente a sua volta, estimulando o processo de harmonização magnética do conjunto. São intensificadas as trocas de energia dentro do “sistema individual” e as virtudes, como planetas a girar em torno da Centelha de Vida, desenvolvem-se em um grau crescente de perfeição, como sete orbes a se influenciarem profundamente. A semelhança das cores do espectro solar, as virtudes reunidas formarão a “luz branca” do Amor, tanto mais intensa quanto mais se fortaleçam seus elementos componentes.
No desenrolar do processo de harmonização magnética da alma, é preciso atentar inicialmente para a necessidade básica do ser humano que é a Humildade, capaz de proporcionar renovação diante das situações mais rudes da vida. Surgirá, então, a Confiança em si pela capacidade de ajustamento, e em Deus pelo reconhecimento de Sua sabedoria. Em seguida virá a Alegria de viver nas bases dessa Confiança e será fácil renovar a Coragem quando exista alegria espiritual. A Coragem, por sua vez, garantirá a Persistência na conquista dos valores eternos e o ser granjeará, desse modo, a virtude da Serenidade. Por sua vez, a impassibilidade na luta poderá proporcionar-lhe a têmpera necessária a exercitar a Renúncia, coroamento de todas as outras conquistas, tornando o indivíduo apto a colaborar na obra da Criação, sem consulta aos interesses individualistas.
Assim prossegue o trabalho de conquistar a harmonização magnética do sistema individual, intensificada à proporção que, pelo aprimoramento constante, os planetas – as virtudes – evoluírem tornando-se capazes de dar vazão, de forma mais aperfeiçoada, à energia magnética do Amor Universal.
Quando as trocas internas do sistema atingem um nível de harmonia mais completa, o conjunto torna-se capaz de receber e transmitir, em maior grau de pureza, a energia criadora que lhe é irradiada da Divindade, da Usina Universal. Então diz-se que o espírito atingiu a plenitude de suas possibilidades, aquele estado designado pela expressão “Eu Sou”.
Análise
Observando a beleza e sabedoria das leis que regem esses sistemas, tanto no plano cósmico como no individual, somos possuídos pelo anseio de definir sua finalidade, pois a ordem e a exatidão de seu funcionamento falam-nos claramente de um objetivo a alcançar, sem o qual nada teria razão de ser. E concluímos que toda a Criação tem o objetivo de “expressar a divindade”, ou seja, “tornar-se instrumento da vontade do Eterno”. Ora, ser instrumento é ser medianeiro, intermediário. Recaímos então na conclusão de que a Criação, em sua totalidade, tem o objetivo precípuo da mediunidade e que tudo evolui com a finalidade de harmonizar-se magneticamente, a fim de melhor entregar-se ao trabalho de afinação com o magnetismo puro por excelência emanado da Força Central da Vida.
Dentro de uma orientação sadia, os seres são capazes de atingir o grau de mediunidade perfeita, sem choque e na posse do domínio completo de suas trocas magnéticas com a Fonte da Vida, tornando-se senhores das forças que regem o Universo e o próprio ser.
Entretanto, grande número de almas desviou-se e entre elas encontram-se os homens da Terra, planeta de expiação e provas. Afastam-se da linha de uma evolução harmoniosa e, em conseqüência, o magnetismo de seus sistemas encontram-se em desequilíbrio.
Porém, os mundos obedecem, em sua evolução, a uma programação e cada ciclo evolutivo tem sua época estabelecida.
Houve um grande desvio na evolução do homem, pois ele deixou esquecidas as suas possibilidades de realização no plano espiritual. Se assim não fosse, poderia alcançar o domínio total das forças da natureza e do próprio sistema espiritual, como fizeram os espíritos iluminados do Oriente e também entre vós se verifica nas sessões de efeitos físicos, materializando e desmaterializando objetos, num perfeito controle da constituição íntima da matéria. Esse domínio completo da Vida representa uma intensificação das trocas magnéticas entre o “criado” e o “Criador”.
Como essa parte foi relegada ao esquecimento, restou à criatura humana a experimentação no plano físico, que a levou a uma descoberta estarrecedora: a libertação da força atômica, ou seja, o domínio da matéria densa através de processos artificiais violentos. O bombardeamento do átomo colocou nas mãos do homem perplexo uma força que o intima a reexaminar todos os valores dentro dos quais tem vivido. Senhor de poderes de vida ou destruição nunca igualados, a princípio desnorteia-se, mas será forçado a uma decisão viril de auto-renovação, após concluir sobre os perigos do mau uso dos poderes materiais que já consegue manipular. Não há mais apelação: renovar ou perecer.
Conclusão
No âmbito do progresso espiritual algo semelhante sucede. Terminado o prazo de contemporização, por ter o planeta atingido o fim de mais um ciclo, é preciso pôr-se o homem à altura dos bens materiais de grande envergadura que lhe foram entregues e isso só será possível se acordar em si a consciência da sua condição real de espírito em evolução.
Assim como os homens encarnados encarregam-se de libertar a energia contida nos átomos, os espíritos desencarnados incumbiram-se de despertar, na constituição perispiritual do homem, as forças latentes, das quais ele jamais se recorda. Então, os núcleos da sensibilidade, ou seja, os chacras, começam a ser “bombardeados” por fluidos de toda espécie, surgindo o desajuste magnético causado pela mobilização de energias até então adormecidas no homem. Ele está sendo forçado a decidir-se: ou dá ouvidos às intuições sadias de progresso que lhe chegam através do despertamento da mediunidade ou deixa-se exaurir em choques infindáveis. Os fluidos das Altas Esferas Espirituais funcionam como um reforço de energias, exatamente como se o homem constituísse uma substância comum que sofresse a influência de altas potências radiativas, a fim de impregnar-se das energias curadoras e benéficas que possa transmitir ao semelhante e ao próprio ser.
Esse é o processo utilizado no presente para estimular a harmonização magnética das almas cujo progresso encontrava-se retardado e que se comprometeram a um esforço intenso de renovação. São os médiuns, necessitados de desenvolver intensa atividade para aprender a sintonizar seus sistemas espirituais com as correntes magnéticas mais puras, conquistando laboriosamente um grau evolutivo mais harmonioso, ou seja, o equilíbrio espiritual.
Assim como a energia atômica pode ser empregada na cura de moléstias, no aperfeiçoamento da agricultura e no progresso industrial, a energia magnética escoada através da mediunidade pode acelerar a harmonização do sistema espiritual do homem, tornando-o capaz de armazenar forças a bem do progresso geral e individual.
No passado havia possibilidade de esperar a harmonização magnética natural do ser, ou seja, a mediunidade natural perfeita. Hoje, em virtude dos acontecimentos do fim do ciclo, é preciso acelerá-la através de processos artificiais. O progresso material não pode permanecer dissociado do progresso espiritual e se o homem tornou-se senhor da vida material do planeta, é preciso que seja capaz de aprimorar a consciência espiritual que preside a vida, para que se harmonize com a existência que lhe foi concedida.
Eis por que, mesmo aqueles que no passado seguiram os ensinamentos do mentalismo oriental, estimulam hoje o desenvolvimento medi único que outrora condenariam, pois os tempos mudam e o progresso do espírito apresenta exigências novas, às quais precisamos adaptar-nos.
Paz e Amor,
Ramatís
NOTA: Este “MAGNETISMO E MEDIUNIDADE” é o texto programado para a reunião virtual de 28/1/2024, 8:30 às 10:00, do GRUPO REFLEXÕES AMÉRICA PAOLIELLO MARQUES, que está estudando o livro Evangelho Psicologia e Ioga.

Gratidão ao Mestre Ramatis e a Dra America, que se prontificou a ser a “ferramenta” para ele nos trazer esses preciosos esclarecimentos, nos dando a oportunidade de iniciar nosso entendimento sobre os atuais mecanismos da mediunidade.