A TRANSIÇÃO DE CADA UM
“A dor é o impacto que o Amor produz sobre o espírito condicionado em sentido contrário à Lei do progresso… A dor não foi criada. Ela não existe, senão na proporção em que nos apegamos de tal forma aos condicionamentos involutivos, que oferecemos resistência ao impulso criador da Vida. “
Espírito Nicanor, médium América Paoliello Marques
Da obra “A Rosa e o Espinho”, 1971
Nicanor foi discípulo de Ramatis na Indochina. Adota o nome que usou em sua encarnação na Grécia, em que foi escravizado pelos romanos.
*Compilação organizada, em abril/2019, por ÁLVARO CHAGAS, moderador do grupo zap Sri Swami Ramaatys
OS PERFIS E ESTÁGIOS CONCIENCIAIS DE CADA UM NA TRANSIÇÃO (1)
No tipo A configuramos as almas que se limitam à revisão do CONSCIENTE. Podemos compreender que se situam na antecâmara do Amor espiritual. Crêem, mas temem comprová-lo submetendo-se a vivências por demais intensas no seu entender. Já não serão dos que se encontram fora do alfabeto da espiritualidade, isto é, não ignoram a necessidade de aprender o valor das “letras” que desvelam as realidades eternas, porém, um temor subconsciente as retém do lado de fora do torvelinho das próprias paixões que temem desafiar.
No tipo B estão representadas as que já sentem e procuram revisar a zona SUBCONSCIENTE. Nessas as forças positivas e negativas, isto é, os antagonismos que, respectivamente, propiciam e entravam o progresso, já se defrontam em batalhas decisivas e disciplinadoras dos princípios vitais. Há choques salutares que trazem à tona, em grande escala, os recursos adormecidos. São, geralmente, almas corajosas que decidiram “chegar às vias de fato” com sua própria natureza involutiva e permitir que a batalha portentosa pela conquista do Amor se travasse, apressando a chegada do dia radioso de sua auto-recuperação. Programaram o reencontro penoso com suas imperfeições, pois sua maturidade espiritual atingiu o limite no qual a contemporização já não satisfaz.
Haverá uma terceira etapa, quando outra letra do alfabeto espiritual começar a ser conhecida em maior escala. Surgem as características da alma tipo C, preponderantemente orientada pelas expressões do SUPERCONSCIENTE. E esta última só prevalecerá sobre as outras quando os entrechoques entre as duas primeiras permitirem ao espírito a capacidade de se refugiar, com mais freqüência, junto às forças sublimadas da Vida, representadas pela misericórdia que jorra indiferentemente sobre qualquer desses estágios evolutivos do ser. O que as diferencia é a capacidade de absorção do Amor, pois este não se mede a si mesmo, deixa-se infiltrar por onde lhe seja permitido, na dosagem característica do grau evolutivo de cada alma.
Porém, embora as três zonas da consciência eterna estejam presentes em todas as almas encarnadas, cada qual vive mais intensamente as impressões de uma delas.
A “MATRIX” QUE AINDA VIVEMOS (2)
No entanto, o espírito humano toma-se da vertigem alucinante das alturas quando a espiritualidade se revela em sua natural grandiosidade sobre a alma sincera do buscador. A súbita mudança de medidas na transição entre a esfera do egocentrismo e da espiritualidade provoca descrédito e imobilização temporárias no espírito que retorna, pois É UM DESMEMORIADO, como o nascituro gerado no ventre materno, alimentado no seio generoso mas que, desses fatos, não obteve registro. Retornar à casa paterna quando dela nos afastamos ainda inconscientes é aventura inédita que, freqüentemente, gera o descrédito com relação às bênçãos, por serem excessivamente generosas.
NA CORRELAÇÃO À PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO (3)
O “filho pródigo” teme retornar à casa paterna onde a riqueza, a plenitude e a paz o esperam. Porque se viu pobre de bens e de dons, desafinado com o programa de vida da
comunidade disciplinada e produtiva, constrói uma separação psicológica, que se projeta como sintoma de um repúdio a si mesmo.
A DOR COMO DESPERTAR (4)
A dor é o impacto que o Amor produz sobre o espírito condicionado em sentido contrário à Lei do progresso. A inércia, de características opostas à evolução, é eletrizada pelo impacto do Amor que visa impulsionar no sentido do crescimento o espírito acomodado com suas expressões medianas de progresso. A dor não foi criada. Ela não existe, senão na proporção em que nos apegamos de tal forma aos condicionamentos involutivos, que oferecemos resistência ao impulso criador da Vida. Se nos deixamos conduzir por ele, todos os obstáculos se desfazem à passagem da essência espiritual, que se escoa como linfa benéfica, a gerar novos condicionamentos relacionados com o mecanismo feliz da Criação.
O “TEMPO” OU MOMENTO DE CADA UM (5)
Imaginai a Terra em sua etapa futura de evolução e colocai-vos, espiritualmente, na posição daqueles que então ocuparão os postos-chave da orientação do planeta. Para lá caminhais gradativa e insensivelmente. Não se dirá a vós — hoje ou amanhã ou, ainda, em determinada data terá início a era da fraternidade. Ela se INICIA para cada espírito A PARTIR DO MOMENTO em QUE DECIDE VIVER SUA ERA DE FRATERNIDADE. No futuro, as almas empenhadas em tal evento serão maioria pelos argumentos coercitivos da dor e da redenção por ela provocada. Porém, o relógio da eternidade não assinala o final exterior das épocas de transição. O chamamento é permanente. Uns entrarão na faixa das novas vivências já em pleno período caótico do final dos tempos, pelos testemunhos árduos do Amor Crístico; outros só sentirão essa necessidade quando todos os caminhos fáceis estiverem bloqueados.
A TRANSIÇÃO INTERNA ECLODE (6)
Fazendo parte da corrente do Amor Universal, perdeu seu ponto de apoio pessoal. O eixo de suas ações, que era o eu individual, transferiu-se para o Eu Real. Inicialmente, caminhará tateante e inseguro. Ainda não conhece o panorama amplo no qual deverá atuar. Sente-se desfalcado da firmeza dos condicionamentos anteriores. COMEÇA A TRANSIÇÃO de “cidadão do mundo” PARA “CIDADÃO DO UNIVERSO” e este fato o assusta.
A BARREIRA EXTERNA (A BOLHA) QUE RELUTA (7)
Vencidas as primeiras barreiras interiores, pela superação da inércia e da indiferença em relação ao grandioso conceito das harmonias espirituais, surge o obstáculo que para muitos representa a negação absoluta aos seus esforços, quando toda a crueza da indecifrável natureza humana se revela, como sólida muralha de incompreensões diante dos passos resolutos do mensageiro que se propunha. levar até ao seu destino eterno a bagagem espiritual do Amor.
O MOVIMENTO SEM VOLTA (8)
A proporção que “vê” mais adiante no Caminho a seguir predispõe-se à renovação de formas de ser. De modo geral, a transição de uma faixa evolutiva para outra é alcançada quando a mente consegue perceber novos horizontes, criando-se um desnível entre a forma presente de ser e aquela percebida através da compreensão. Eis que surgem os primeiros sintomas de um padecimento produtivo — a impossibilidade de conformar-se com os padrões antigos de vivência.
AOS CONVICTOS DE SUAS VIRTUDES DIANTE DAS MAZELAS QUE SE APROXIMAM (9)
O homem é espiritualmente livre. Seu mundo interior não será perturbado, se por ele souber zelar. Vossa paz não será acrescentada por vos arremessardes com violência contra o meio hostil. Ele não vos atingirá, mesmo quando operardes cercados pelas condições mais ruinosas e decadentes da sociedade, se vossa ação, equilibrada e segura junto ao ambiente, vos imunizar interiormente contra os venenos desagregadores do ódio. Na maior desarmonia externa, característica da fase involutiva do planeta em transição, vossa consciência pode vibrar em luminosa serenidade pela ação bem conduzida, que não se omite, mas que, também, não se deixa arrastar.
AS ROSAS E ESPINHOS DE CADA UM (10)
Para usufruir da beleza das rosas do Amor espiritual será preciso contar com o ferimento dos espinhos, pois, na Terra, vos colocais como aprendizes iniciantes da grande semeadura do Amor, que é a Vida. Até que vossos espíritos se tenham libertado dos espinhos das dores que semeastes no passado, muitas rosas fenecerão no jardim da Espiritualidade Superior, sem serem colhidas por vós. Aquelas que não possuem mais espinhos estão situadas em planos tão altos que não se encontram ao alcance de vossas mãos.
(1) Da Lição “Misericórdia” – VIII da 1ª Parte (Reflexões)
(2) Da Lição Retornar – X da 3ª Parte (Amor)
(3) Da Lição Retornar – X da 3ª Parte (Amor)
(4) Da lição “Dor” – X da 1ª Parte (Reflexões)
(5) Da lição “Modéstia” – IX da 1ª Parte (Reflexões)
(6) Da lição “Renúncia” – I da 3ª Parte (Amor)
(7) Da lição “Decifração” – IV da 2ª Parte (Vivências)
(8) Da lição “Padecer” – VI da 3ª Parte (Amor)
(9) Da lição “Responsabilidade” – V da 2ª Parte (Vivências)
(10) Do Prefácio de Ramatis

